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sexta-feira, 28 de outubro de 2005

colunistas - zero hora - 28out2005

Ruy Carlos Osterman

Gratuidade e risco
Não tenho alternativa, só muita pressa e bom ouvido. Inaugura-se às 17h o maior acontecimento cultural da cidade, a popularíssima 51ª Feira do Livro no grande salão do primeiro armazém do cais. Termino cinco minutos antes o Gaúcha/Entrevista no espaço da RBS, o programa segue a tradição de ser apresentado de lá durante toda a Feira. Talvez alcance o primeiro ato inaugural, depois possa cumprimentar o presidente Waldir da Silveira, o patrono, frei Rovílio, e meus amigos do palanque e os outros. Mas será quase impossível seguir com o xerife e seu badalo, o grande cortejo da simbólica inauguração de todas as bancas de livros: devo sair às 19h30min, pelo lado da Caldas Júnior, a caminho do jogo do Inter no Beira-Rio. Enfim, livro e futebol sempre foi uma combinação afetiva que soube equilibrar, um cede um pouco, outro também cede, tarde da noite vou jantar com os feirantes como se tudo tivesse sido igual.

Aliás, o jogo da noite é de risco, merece cuidados, e todos deveriam colaborar para que não desfizesse a noite de futebol gratuito, bastaria a senha. Inter x Coritiba é o último jogo do Inter no Zveitão 2005. O jogo que foi anulado foi vencido pelo Inter, 3 a 2, portanto, são três pontos que precisam ser outra vez contabilizados. O torcedor, como sempre, conta muito, dependendo de como seja a resposta dos associados e dos donos de cadeiras e camarotes, o Beira-Rio poderá lotar. Essa é a festa e o risco. Mas todos estão escaldados: a gratuitade não absolve o clube de sua responsabilização em caso de excessos ou maluquices.

Iarley
Fundamental é vencer, o Inter pode vencer, tem retrospecto e muitas garantias coletivas individuais. Mas futebol é apenas um jogo e por isso tão surpreendente, de muitas lógicas num mesmo primeiro tempo ou a 46 minutos. Muricy tem de volta Elder Granja, um símbolo da mobilidade tática, autor das variações mais produtivas, lateral, ala e meia. Ganha o time, ganha o meio-campo, acrescenta-se uma jogada de gol. Volta Gavilán no lugar de Edmílson, podem voltar Edinho e Vinícius. Fazia tempo que Muricy não tinha tantas alternativas. Tudo isso ajuda muito, ou pode ajudar. Mas talvez a alternativa mais fascinante seja Iarley, talvez no banco e logo no time. Mais ainda porque Rafael Sobis cumpre a suspensão do jogo anulado e um atacante com o potencial de Iarley é a melhor solução.

Lápis
O lápis tem a virtude de servir para escrever com licença para se apagar o escrito. E talvez seja, como metáfora ou não, uma velha garantia de cálculo e exatidão: na ponta do lápis, se diz. O jornalista Ricardo Bueno tem um lápis apontado. E faz cálculos no embalo da grande vitória do Inter contra o Goiás. E está infeliz. O Inter tem 59 pontos e 57% de aproveitamento. Para chegar até o Corinthians, que já tem 64 pontos e 67,7%, vai precisar fazer 27 pontos em 29 a disputar, isso é, oito rodadas mais o jogo atrasado desta noite contra o Coritiba. E 92% de aproveitamento!

Não tenho lápis, mas, se tivesse, escreveria que é impossível. O Ricardo também considera, mas impossível, reitera, não é. Difícil mesmo é o Corinthians não fazer os 17 pontos que lhe faltam, os rosados 84, bastariam quatro vitórias, um empate e mesmo quatro derrotas.

Enfim, empunhar o lápis é também prova de esperança refeita.

PS.: o Iran Aguiar, 77, acaba de concluir a oficina de contos do Charles Kiefer, terça à noite foi o lançamento da coletânea Brevíssimos com sua primeira autoria literária. O Ricardo estava justamente orgulhoso do pai.

90 minutos

Bazzani

Guarde bem o nome, Bazzani, Fábio Bazzani. Atacante italiano de raros gols, hoje no Sampdoria, de Gênova, antes na Lazio, de Roma.
Bazzani disse às autoridades italianas que entre sete e oito jogadores do seu ex-clube Lazio e da Roma estavam comprados e com ordens de produzir um empate no clássico no semestre passado.
Bazzani garante que ele não estava na gaveta, mas declarou:
- Se eu quisesse, poderia ter dado o nome dos jogadores aos chefes das torcidas organizadas. Eles podiam ter matado todos (jogadores).
Na época, a Roma ia mal e a Lazio buscava uma vaga na Copa da Uefa. O empate agradaria os dois (e o 0 a 0 agradou). O jogo indignou as torcidas.
Parece que o árbitro não está envolvido. Só jogadores e, talvez, alguns cartolas. É ação da máfia dos resultados.

A torcida da Roma, que adora Totti,...
...mas odeia Di Canio,...
...levou uma faixa ao estádio exigindo empenho dos seus jogadores.
Ricardinho não é o único mascarado. Sand, do Schalke 04, também é.

A bola sem Ronaldo

Todos reclamam em Madri pelo quinto lugar, já atrás do Barcelona. Buscam um culpado. Talvez a seqüência de derrotas mine o trabalho de Luxemburgo e sua milionária comissão técnica.
Mas qual o time que pode dar certo sem Ronaldo, Júlio Baptista e Zidane?
Nem o Real Madrid pode, já que o time tem craques, mas não tem um bom grupo por falta de planejamento. Não há nem um atacante de área para substituir Ronaldo. Sem o Fenômeno não há quem faça gols.
O craque Robinho não é, nunca foi e nem será um grande goleador.

Klinsmann é o técnico da Alemanha

O grupo dos 17

A seleção da Alemanha vai mal, mas não pense que a Alemanha não sabe ou que os dirigentes do futebol alemão não estão fazendo nada. Desde a Eurocopa de 2000, um grupo de gestão de crise trabalha nos bastidores.
São 17 pessoas, desde o técnico da seleção alemã, Jürgen Klinsmann, dirigentes e até o Beckenbauer. Eles querem melhorar a seleção alemã. Querer, porém, não é tudo.
Os problemas: a irregularidade do time, a ausências de craques e a decisão de Klinsmann de manter residência na Flórida. Klinsmann dirige a seleção da Alemanha, mas mora nos EUA. Vive na ponte-aérea. Vê os jogos do seu campeonato pela tevê. Ao vivo, só beisebol.

Bilhetes valorizados

Os clubes europeus vendem antecipadamente as entradas para os seus jogos em casa, antes do início da temporada.
Veja como está a venda de ingressos de três líderes dos campeonatos da Alemanha, Inglaterra e Itália.
- Bayern (Munique): 50 mil
- Chelsea (Londres): 38 mil
- Juventus (Turim): 20 mil
A Juventus, nove jogos, nove vitórias, que atua num estádio que pode abrigar até 70 mil almas, é a grande decepção do momento.

George, the best

Os britânicos acham que Best jogou quase como Maradona, menos do que Pelé, mas nunca houve ninguém como o atacante nas ilhas da rainha. No final do anos 60, no Manchester United, George Best era o melhor jogador da Grã-Bretanha e da Europa.
Só não foi maior no futebol planetário porque nasceu norte-irlandês e a seleção do país não tem tradição. Os torcedores do United o amam como Deus. Quando lembram de um craque, Best entra na conversa.
Aos 59 anos, três décadas dedicadas ao álcool pesado, um transplante de fígado depois, Best está morrendo num hospital em Londres.
Uma frase de Best resume seu estilo de vida:
- Gastei muito dinheiro com bebida, mulheres e carros de corrida. O resto, simplesmente esbanjei.
Ele desistiu de jogar aos 26 anos. Foi viver a vida, acelerado. Aos 59 anos, ela veio cobrar a conta.

Bola Dividida

Começa tudo de novo
É como se o jogo realizado dia 21 de agosto nunca tivesse existido. Vai apenas integrar os arquivos como material de pesquisa sobre o ano em que o principal campeonato do país teve as 11 partidas anuladas por suspeita de manipulação. Para a estatística, é como se parte do passado tivesse sido deletada. Assim, esta noite, Inter e Coritiba começam tudo de novo. Os times vivem um extremo: o Coritiba luta contra a ameaça de rebaixamento, o Inter pelo sonho de conquistar o título. Quem enfrenta maiores riscos é a equipe gaúcha. Como venceu o jogo anulado, terá de ganhar de novo para repor os pontos originais. Ao menos, leva para campo uma vantagem: terá de volta o futebol do ala Elder Granja (E, na foto), uma de suas principais jogadas.

Olho neles
Não esqueça: a venda de ingressos por cambistas para o jogo desta noite, no Beira-Rio, entre Inter e Coritiba, é proibida. Cada entrada leva o carimbo de alerta. Comprar deles, como diz o clube, é compactuar com a ilegalidade. A Brigada avisa: vai apreender todos os ingressos que estiverem sendo vendidos.

Cuidados
É bom a torcida do Inter prestar atenção nos recados dos dirigentes: o jogo desta noite tem de correr dentro da normalidade absoluta. É a partida que encerra a série do Zveitão, o campeonato paralelo que anulou 11 jogos do Brasileiro. Os dirigentes temem, com razão, prejuízos futuros no tribunal em caso de confusão.

Recíproca
Nesta discussão toda sobre o ambiente que o Grêmio vai encontrar em Recife, certo está o técnico Mano Menezes: se a torcida gaúcha estourou foguetes na frente do hotel do Náutico em Porto Alegre, a do Santa Cruz pode fazer o mesmo. Daí a se imaginar uma guerra santa entre pernambucanos e gaúchos vai uma grande diferença.

Você viu?
De 22 itens conferidos pelo Ministério Público e por fiscais do Procon no jogo entre Grêmio e Náutico, 21 foram aprovados. Só faltou a informação sobre a renda - é que os fiscais foram embora antes da divulgação do borderô.

Drama
A situação do Flamengo é dramática, apesar do empate em Caxias. Com 35 pontos, os cariocas terão de vencer no mínimo quatro dos oito jogos restantes para chegar aos 37,3% de aproveitamento que, no momento, salva da queda.

Mudança
Muitas vezes, um único jogo é capaz de provocar mudanças na vida de um jogador no clube. Parece ser o caso de Marcel (D). Depois de ter seu nome pedido por parte da torcida no último jogo, ele entra no time na partida de amanhã, em Recife, com muito mais tranqüilidade para cumprir as instruções do técnico Mano Menezes (E). Por sinal, Mano deve se considerar vitorioso nesta questão. Desde o primeiro jogo de Marcel no Grêmio ele tem insistido que o jogador cumpre uma função tática fundamental na equipe.

Timemania
A loteria que pode dar o impulso para que os clubes zerem suas dívidas cumpriu esta semana uma etapa decisiva rumo à aprovação. Depois de reunião entre o presidente do Clube dos 13, Fábio Koff, e do Inter, Fernando Carvalho, quarta-feira, em Brasília, o deputado federal Mendes Ribeiro (PMDB-RS) apresentou duas emendas: uma elimina a obrigatoriedade de os clubes se transformarem em empresas antes da adesão à loteria e outra estipula que um grupo pode patrocinar apenas um clube. Da reunião, participou também o relator Moreira Franco (PMDB-RJ). Mendes Ribeiro espera que agora o projeto tenha tramitação rápida e seja aprovado antes do fim do ano. A Timemania vai permitir que os clubes paguem as dívidas com o governo.

O amigo Fidel
Maradona está de volta a Cuba. Mas, ao contrário de outras vezes, quando fazia tratamento contra a dependência das drogas, agora ele está em missão profissional: vai entrevistar o presidente Fidel Castro, seu velho amigo, para o programa A Noite do Dez. Além disso, dará entrevista à TV cubana para falar, entre outras coisas, sobre sua volta à seleção argentina. Ele deve integrar a comissão técnica.


Wialey Carlet

Mudar tendências
Na quarta-feira à noite já não havia mais ingressos disponíveis para o jogo de hoje, no Beira-Rio. Significa que o Coritiba terá que enfrentar o Inter e mais 40 mil colorados. Tarefa áspera, complicada. Caberá ao dono da casa quebrar a tendência destes jogos repetidos, que têm sido de não confirmação de resultados. Para continuar sonhando com título e brigando pela vaga para a Libertadores da América, o Inter precisará reprisar a vitória que já obtivera. E não existe um só indício que favoreça o Coritiba. Está em má fase, tem equipe inferior à do Inter, joga no Beira-Rio e o adversário desfruta de um momento de afirmação. Porém, futebol nunca é jogado na véspera. Uma nova vitória do Inter encolherá mais um pouco a diferença que o separa do Corinthians na tabela de classificação. Mas o jogo precisa ser jogado.

Valor real
Quando se diz que Perdigão é essencial, não é porque ele seja um craque extraordinário. A justificativa é bem simples, tão simples que muita gente não percebeu: a sua escalação dota o time de algumas virtudes e o livra de outros defeitos. Resumindo: Perdigão e a equipe se completam. Trata-se de um jogador que não deve ser visto, isoladamente. Ele vale pelo que significa para o conjunto e, não, apenas pela sua individualidade.

Avança, recua
Se Muricy Ramalho, em Goiânia, orientou o time para que fosse um pouco mais recatado no primeiro tempo e o liberou para avançar na etapa final, agiu com correção e cautela devidas ao adversário e ao local. Em jogos como aquele, contra o Goiás, controla-se o adversário primeiro, para depois tentar forçá-lo. Não tem nada a ver com esquema tático, mas, sim, com estratégia de jogo.

Reforço
Apesar do pessimismo preventivo dos seus advogados, o Grêmio obteve um grande resultado no STJD, absolvendo Sandro para o jogo de sábado, em Recife. Sandro é essencial no meio-campo, pela sua liderança, força, leitura de jogo, marcação forte e avanços positivos sobre a defesa adversária. Com ele, o time melhora. Muito.

Ambiente
Se ainda lembro bem do Estádio do Arruda, o Grêmio não terá problema algum com a torcida. Trata-se de um estádio de grandes dimensões, onde o público fica à boa distância do campo de jogo. A televisão transmite a partida, portanto, não cabem previsões tormentosas sobre hipotéticos prejuízos com a arbitragem. O Santa Cruz parece ser bem menos competitivo do que o Náutico, o que dará ao Grêmio melhores condições para jogar. Quanto a foguetórios próximo ao hotel onde o Grêmio ficará concentrado, será uma resposta ao que aconteceu em Porto Alegre. É uma pena, mas meia dúzia de desajustados acabam provocando prejuízos que o futebol poderia dispensar.

Para 2006
Paulo Ramos começa a reencontrar a sua melhor forma física e técnica, enquanto ainda demandará algum tempo para que aconteça o mesmo com Pedro Júnior. Os dois garotos, buscados no início da temporada com o auxílio financeiro de gremistas influentes, deverão ser o início do time que o Grêmio formará para disputar, provavelmente, a Série A.

Previsão
Com o ingresso de recursos financeiros do novo fornecedor de material esportivo e transações que deverão ocorrer em dezembro, o Inter poderá formar uma equipe muito forte para 2006.