Ele quer carinho
Adriano começa a ganhar lugar no meio-campo
O primeiro drible de Adriano foi na miséria, que o impediu de ir à escola quando menino. Nascido na periferia de Maceió, foi salvo pelo futebol. Deve muito ao Atlético-PR, adversário do Inter neste domingo, às 18h10min, no Estádio Beira-Rio.
Adriano chegou a Curitiba aos 21 anos, com fama de estrela do CSA, campeão alagoano de 1997. Como era franzino, o Atlético providenciou-lhe tratamento dentário, acompanhamento médico contra a subnutrição, fisiologista e até professora para melhorar o seu português.
Já no primeiro ano, instalado no CT do Caju, cresceu três centímetros e ganhou massa muscular. Pulou dos 59 quilos para 68 quilos em 1m72cm.
Foi no Atlético que Adriano virou Gabiru. Flávio, seu conterrâneo de Maceió e hoje goleiro do Paraná, ao reencontrá-lo, gritou:
- Ô, Gabiruuuuu!
Assim os nordestinos chamam os mirrados e escurecidos pelo sol: gabiru, um rato preto.
- Cheguei lá magrinho, meio sem jeito. No começo, fiquei brabo com o Flávio. Mas logo virei titular, a torcida me chamou de Gabiru, e eu gostei - conta o meia.
Adriano é tímido. O técnico Estevam Soares, campeão naquele CSA de 1997, voltou a Campinas logo após o título. Antes, porém, convidou o meia a visitá-lo no hotel. Tratariam da indicação de Gabiru a um time do Sul.
- Ele chegou ao hotel com a mulher (de quem Adriano se separaria em 1999) e o filho. Ela estava enrolada numa bandeira do CSA, e eles pareciam encabulados com a imponência do hotel - conta Estevam.
Por R$ 300 mil, os Collor (família do ex-presidente, administradora do CSA) venderam Adriano ao Atlético-PR em 1998. Coube a Abel Braga, então no clube, recebê-lo:
- Ele era um bicho-do-mato. Olhos arregalados, mirando tudo, encantado com o novo mundo.
Habilidoso, logo virou titular, ao lado de Wilson e Perdigão. Ganhou o paranaense de 1998 e o Brasileirão de 2001. Antes, levantou o Pré-Olímpico de 2000 com a seleção e passou pelo Olympique, de Marselha. Indicado por Abel.
Vaiado na derrota para o Vasco, Adriano murchou. Longe do Beira-Rio, porém, foi decisivo nas vitórias sobre Santa Cruz e Flamengo.
- A torcida tem uma opção a fazer neste domingo: ou vaia o Adriano desde o início e aí nós perderemos um cara importante, ou incentiva e ganharemos um supercraque, um meia diferenciado - provocou Abel.
O que é gabiru?
- Wilson, ex-Atlético-PR:
No Nordeste, a ratazana preta é chamada de gabiru. O apelido acabou estendido aos sujeitos mirrados e escurecidos pelo sol. Caso de Adriano.
- Quando chegou ao Atlético, Adriano era quase mudo. Se era advertido por algum colega ou pelo treinador, abaixava a cabeça e saía resmungando algo como "ochi, ochi..." Uma contração de "ó, xente".
Histórias de Gabiru
- "É só o meu jeito"
Adriano é capaz de surpreender até mesmo aqueles que acompanham diariamente o Inter. Ao andar cabisbaixo pelo pátio do Beira-Rio, foi indagado se estava triste, pois no dia anterior havia sido vaiado na derrota para o Vasco. A resposta foi desconcertante:
- Não tô triste, não. É só o meu jeito. Sou assim mesmo...
- Adeus, França
Em 2000, Adriano foi jogar com Abel no Olympique, de Marselha. Com a saída do técnico, passou a se apoiar no outro brasileiro do time: Marcelinho Paraíba. O substituto de Abel, o espanhol Javier Clemente, mandou a dupla para a reserva.
- Pedi para voltar ao Atlético. A cidade até que era legal, mas ficamos sem espaço no time - recordou. Na época, Paraíba parou no Grêmio.
- Atraso e multa
Adriano foi repreendido por Abel após o Carnaval. Atrasou-se dois dias. Foi multado em R$ 3 mil.
- Júnior
Pai de quatro filhos, Adriano decidiu se homenagear ao registrar o primogênito, de nove anos: Adriano Júnior de Souza Vieira:
- Estava feliz e queria que ele levasse o meu nome. Também sempre gostei do nome Júnior. Por isso, Adriano Júnior.
Do atual casamento, com a curitibana Andréia, Adriano tem Isabeli, de quatro anos, e os gêmeos Luca e Luigi, de dois anos.
Estevam Soares
"Adriano é fechadão porque é humilde demais. Se tiver carinho e a confiança do treinador, será o craque perdido pelo Inter na saída do Tinga"
O primeiro drible de Adriano foi na miséria, que o impediu de ir à escola quando menino. Nascido na periferia de Maceió, foi salvo pelo futebol. Deve muito ao Atlético-PR, adversário do Inter neste domingo, às 18h10min, no Estádio Beira-Rio.
Adriano chegou a Curitiba aos 21 anos, com fama de estrela do CSA, campeão alagoano de 1997. Como era franzino, o Atlético providenciou-lhe tratamento dentário, acompanhamento médico contra a subnutrição, fisiologista e até professora para melhorar o seu português.
Já no primeiro ano, instalado no CT do Caju, cresceu três centímetros e ganhou massa muscular. Pulou dos 59 quilos para 68 quilos em 1m72cm.
Foi no Atlético que Adriano virou Gabiru. Flávio, seu conterrâneo de Maceió e hoje goleiro do Paraná, ao reencontrá-lo, gritou:
- Ô, Gabiruuuuu!
Assim os nordestinos chamam os mirrados e escurecidos pelo sol: gabiru, um rato preto.
- Cheguei lá magrinho, meio sem jeito. No começo, fiquei brabo com o Flávio. Mas logo virei titular, a torcida me chamou de Gabiru, e eu gostei - conta o meia.
Adriano é tímido. O técnico Estevam Soares, campeão naquele CSA de 1997, voltou a Campinas logo após o título. Antes, porém, convidou o meia a visitá-lo no hotel. Tratariam da indicação de Gabiru a um time do Sul.
- Ele chegou ao hotel com a mulher (de quem Adriano se separaria em 1999) e o filho. Ela estava enrolada numa bandeira do CSA, e eles pareciam encabulados com a imponência do hotel - conta Estevam.
Por R$ 300 mil, os Collor (família do ex-presidente, administradora do CSA) venderam Adriano ao Atlético-PR em 1998. Coube a Abel Braga, então no clube, recebê-lo:
- Ele era um bicho-do-mato. Olhos arregalados, mirando tudo, encantado com o novo mundo.
Habilidoso, logo virou titular, ao lado de Wilson e Perdigão. Ganhou o paranaense de 1998 e o Brasileirão de 2001. Antes, levantou o Pré-Olímpico de 2000 com a seleção e passou pelo Olympique, de Marselha. Indicado por Abel.
Vaiado na derrota para o Vasco, Adriano murchou. Longe do Beira-Rio, porém, foi decisivo nas vitórias sobre Santa Cruz e Flamengo.
- A torcida tem uma opção a fazer neste domingo: ou vaia o Adriano desde o início e aí nós perderemos um cara importante, ou incentiva e ganharemos um supercraque, um meia diferenciado - provocou Abel.
O que é gabiru?
- Wilson, ex-Atlético-PR:
No Nordeste, a ratazana preta é chamada de gabiru. O apelido acabou estendido aos sujeitos mirrados e escurecidos pelo sol. Caso de Adriano.
- Quando chegou ao Atlético, Adriano era quase mudo. Se era advertido por algum colega ou pelo treinador, abaixava a cabeça e saía resmungando algo como "ochi, ochi..." Uma contração de "ó, xente".
Histórias de Gabiru
- "É só o meu jeito"
Adriano é capaz de surpreender até mesmo aqueles que acompanham diariamente o Inter. Ao andar cabisbaixo pelo pátio do Beira-Rio, foi indagado se estava triste, pois no dia anterior havia sido vaiado na derrota para o Vasco. A resposta foi desconcertante:
- Não tô triste, não. É só o meu jeito. Sou assim mesmo...
- Adeus, França
Em 2000, Adriano foi jogar com Abel no Olympique, de Marselha. Com a saída do técnico, passou a se apoiar no outro brasileiro do time: Marcelinho Paraíba. O substituto de Abel, o espanhol Javier Clemente, mandou a dupla para a reserva.
- Pedi para voltar ao Atlético. A cidade até que era legal, mas ficamos sem espaço no time - recordou. Na época, Paraíba parou no Grêmio.
- Atraso e multa
Adriano foi repreendido por Abel após o Carnaval. Atrasou-se dois dias. Foi multado em R$ 3 mil.
- Júnior
Pai de quatro filhos, Adriano decidiu se homenagear ao registrar o primogênito, de nove anos: Adriano Júnior de Souza Vieira:
- Estava feliz e queria que ele levasse o meu nome. Também sempre gostei do nome Júnior. Por isso, Adriano Júnior.
Do atual casamento, com a curitibana Andréia, Adriano tem Isabeli, de quatro anos, e os gêmeos Luca e Luigi, de dois anos.
Estevam Soares
"Adriano é fechadão porque é humilde demais. Se tiver carinho e a confiança do treinador, será o craque perdido pelo Inter na saída do Tinga"
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