Wianey Carlet

Iluminado

O Inter não pode se queixar da sorte, embora a boa fortuna, já se afirmou e reafirmou, acompanha sempre a competência e, principalmente, quem não esmorece na luta. Foi assim que o Inter construiu a sua vitória: não deixando de persegui-la, apesar das extraordinárias dificuldades impostas pelo Boca Juniors. O time argentino “amarrou” o Inter no meio-campo e sufocou o ataque colorado com a marcação sem tréguas de três zagueiros sobre Fernandão e Rafael Sobis. Ao Inter faltou, principalmente, contribuição qualificada pelos flancos. Ceará é um jogador dedicado, mas bastante modesto, tecnicamente. No dia 10, Elder Granja estará em campo, sempre uma garantia de acréscimo. E, no lado esquerdo, Jorge Wagner pareceu, mais uma vez, encolher-se diante de um grande desafio. Mas, na frente, havia Fernandão, o iluminado, como gritou o narrador Pedro Ernesto Denardin.
Projeção

No intervalo, Fernando Carvalho previu que, se houvesse vitória, seria pelo escore mínimo. Aconteceu. O Boca, agora, precisa fazer dois gols e não sofrer nenhum. O Inter poderá administrar uma bela vantagem.
Violência

O futebol sempre foi escudo de gangues violentas. Não cabe, obviamente, debitar tanta loucura na conta do STJD. Mas seria ingenuidade ignorar que tudo (re) começou após a anulação dos jogos. Primeiro foi na Vila Belmiro, no jogo repetido entre Corinthians e Santos. É mais do que razoável ligar a atitude da torcida santista com o fato de que seu time perdia um jogo que já havia vencido. A seqüência, com mortes e enfrentamentos, apenas confirma que uma ação violenta é sempre sucedida por outras de mesma natureza. Lembram do índio Pataxó, incendiado por uma gangue juvenil, em Brasília? Nas semanas seguintes, vários episódios iguais pipocaram pelo Brasil.
CBJD

Pela devoção com que é citado o novo Código Brasileiro de Justiça Desportiva, até parece tratar-se de um legado divino. Na verdade, o CBJD contém exageros e inconveniências que só serão percebidos à medida em que ele for aplicado. Da equipe que o elaborou, fez parte muito ativa o desembargador Luiz Zveiter. Os trabalhos correram contra o tempo e pouco foi discutido, na época da sua elaboração.
Mérito esquecido

Ou em muito estou enganado, ou a Justiça Comum ainda não avaliou o pedido do MP para que fosse anulado o ato que anulou 11 jogos do campeonato. A juíza de plantão considerou o Ministério Público ilegítimo para representar o torcedor, e o juiz seguinte entendeu que o STJD deveria ser o alvo da petição e não a CBF. Se foi acertada a anulação dos jogos é mérito que ainda não foi considerado.
Sobre Lucas

Se Lucas já estivesse jogando há mais tempo, não haveria razão alguma para apreensões devidas a sua idade, 18 anos. Qualquer levantamento que se faça no futebol brasileiro, mostrará que existem dezenas, talvez centenas de jogadores atuando, profissionalmente, com idade igual ou inferior. A inexperiência do garoto poderá ser problema, embora Mano Menezes destaque a sua maturidade precoce. Lucas vai depender, muito, de como se portará o time. Jovens, como ele, vão no embalo do time