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quinta-feira, 20 de outubro de 2005

Fernandão ri por último

Passava das 23h30min quando Fernandão deixou o vestiário do Beira-Rio. Agasalho do Inter, melenas molhadas, celular com a tira enrolada à mão, despontou no corredor sorridente. Poucos repórteres resistiram esperar a longa sessão de massagem, gelo, imersão na banheira de hidromassaegm e o longo banho merecido do do herói colorado. Ganharam a companhia de um trio de olhar faiscante, bochechas vermelhas e sorriso tímido. Os irmãos Rafael Porto Saldanha, 9 anos, Fabiane, 7, e Gabriele, 4, ganharam a preferência do atacante, autógrafos e um sorriso de vitória.

Atendidos os pequenos fãs, Fernandão tratou de contar os detalhes de mais um gol histórico pelo Inter. Reconheceu a dimensão do feito, sua representatividade para a torcida e o clube e foi à desforra da ausência de 2004.

O gol da vitória surgiu num lance que tinha tudo para sair errado. Perdigão sofreu a falta em um setor que não era o seu. Ceará cobrou a falta que era de Jorge Wagner. Sobis desviou de uma posição na qual não deveria estar. E Fernandão só arrematou por um segundo de descuido de Schiavi. Em 90 minutos, só havia escapado da vigilância do argentino uma vez. Quando Ceará ajeitou a bola, Fernandão deu um passo para trás. Schiavi não acompanhou como fizera em 92 minutos. O zagueirão estaqueou marcando em linha com os demais. Fernandão deu outro passo e postou-se atrás de Palermo e Díaz. Quando Sobis desviou, ele entrou livre para arrematar.

- Foi tudo muito rápido, aproveitou o descuido do Schiavi e consegui arrematar - contou.

No lado de fora do vestiário, cerca de 50 colorados esperavam Fernandão. Entre eles, uma família de Livramento, que viajou 495 quilômetros para assistir ao jogo. Perto do ídolo, agradeceram:

- Obrigado, Fernandão.

A família da fronteira quase acertou, sem saber, um outro agradecimento. Religioso, o goleador repetiu o gesto do Gol Mil ontem à noite. Ajoelhou-se. E disse uma frase:

- Obrigado, meu pai.