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quarta-feira, 19 de outubro de 2005

Revanche na paz

Ainda estão na memória de Clemer o sangue escorrendo pelo supercílio cortado e o rojão ribombando às suas costas em meio ao jogo. Sobis não esqueceu do zagueiro Schiavi e suas "chegadas" metade bola, metade tornozelo. O técnico Muricy Ramalho ainda lembra das garrafas arremessadas contra o reservado, na Bombonera, e do bate-boca com Carlos Tevez. Não há como negar: o Boca Juniors que enfrenta o Inter hoje às 19h30min no Beira-Rio é uma espinha entalada na garganta de cada colorado.

Já faz quase um ano. O regulamento até mudou. Agora há saldo qualificado. Gol de visitante vale por dois. Mas parece que foi ontem. É o que denunciam as lembranças da semifinal da Sul-Americana de 2004, quando o Boca valeu-se de 15 minutos de apagão do Inter na Bombonera, virou o jogo para 4 a 2 e depois garantiu a vaga na decisão com um pragmático 0 a 0 num Beira-Rio com 47.295 torcedores.

O médico Luciano Ramirez e o massagista Juarez Quintanilha invadiram o campo no final. Era preciso carregar Diego, de tornozelo inchado de pancadas.

- Posso te dizer o seguinte: eu quero tirar os caras do campeonato este ano - afirma Sobis.

Agora, o Inter admite: houve deslumbramento em 2004

Clemer viu e reviu o clássico do fim de semana entre Boca e River em casa. Mesmo aos 35 anos, apesar de seu currículo constar um título da Copa Mercosul (antecessora da Sul-Americana) e várias participações em Libertadores, ainda assim o goleiro entende que aquela derrota serviu de lição. E avisa:

- Agora nosso time é mais experiente. Não vamos entrar na catimba deles, até porque o segundo jogo é na Argentina e é fundamental irmos para lá completinhos, sem expulsões - ensina Clemer. - Desta vez vai ser diferente.

Outro ingrediente da desforra no Beira-Rio: no ano passado, era tema proibido, mas houve, sim, deslumbramento em 2004. Como se enfrentar o Boca fosse algo sacro, e a Bombonera, o altar dos santos. Chiquinho tirou fotos no treino. O presidente Fernando Carvalho exclamou "Virgem Maria!" ao pisar o gramado. Este sentimento mudou.

Repare na frase, emblemática, dita por Carvalho enquanto assistia ao treino esta semana:

- Já conheço a Bombonera. Não tô nem aí se vai ser lá ou em Salta. Quero é ganhar.

- Não vivi aquele jogo, mas o clima está diferente - afirma Tinga.

Não importa se os times mudaram muito em um ano. Fernandão, Tinga, Jorge Wagner, Ricardinho, Perdigão, Bilos, Krupoviesa, Ibarra, Díaz e Fernando Gago são novidades. Não se trata disso. Trata-se de um clube inteiro, do massagista Banha ao seu presidente, ávidos para dar o troco ao Boca. No campo