Especial - O sangue "hermano" que move a dupla Gre-Nal
Jogadores do Chile, Paraguai, Colômbia e Uruguai, ajudam Grêmio e Inter a ter sucesso nos Brasileiros A e B em 2005.
PORTO ALEGRE - Grêmio e Internacional, os dois grandes clubes do Rio Grande do Sul, fazem ótima temporada em 2005, o primeiro na Série B, o segundo na elite do Campeonato Brasileiro. Nos grupos de atletas que vêm obtendo sucesso, jogadores buscados em países vizinhos. Chile, Colômbia, Uruguai, Paraguai. Hermanos de sangue latino quente. E isso não é nenhuma novidade. Ao longo da história, principalmente pela proximidade geográfica, a dupla Gre-Nal sempre descobriu reforços em outros países sul-americanos.
Vários deles tornaram-se ídolos e, invariavelmente estiveram presentes nos grandes momentos dos clubes. Hoje não é diferente. Ao todo, cinco "hermanos" atuam nas duas equipes de Porto Alegre. São dois chilenos, um paraguaio, um colombiano e um uruguaio. É uma das temporadas em que estão mais presentes na capital gaúcha, embora não seja previsível que obtenham tanto sucesso como alguns antecessores.
Em 1975 o Colorado venceu o Campeonato Brasileiro e sagrou-se o primeiro time gaúcho a conquistar uma competição nacional, com o zagueiro chileno Elias Figueroa como capitão e líder do elenco. Foi ele, inclusive, o autor do histórico gol de cabeça contra o Cruzeiro - o placar da decisão foi 1 x 0 -, que garantiu o título. O time, que repetiria o feito em 1976, é considerado o melhor Inter de todos os tempos e Figueroa o melhor defensor da história do clube.
Semelhante foi a trajetória do uruguaio Hugo De León, comandante da zaga Tricolor no glorioso ano de 1983, quando o time foi a Tóquio vencer o Hamburgo por 2 x 1 e voltou para Porto Alegre como campeão do mundo. A imagem mais marcante da trajetória foi registrada na noite da conquista da Libertadores da América: o zagueiro levantando a taça sobre uma cabeça que sangrava, simbolizando a raça castelhana presente no time porto-alegrense.
E assim, ao longo dos tempos, os torcedores da dupla Gre-Nal se acostumaram a ver o sangue hispânico reforçando seus times e sendo decisivo nas conquistas. Na última década, outros estrangeiros tiveram passagem marcante. Como os paraguaios Arce e Rivarola, do Grêmio, titulares incontestáveis no plantel comandado por Felipão, e que alcançou a Libertadores em 1995.
Do mesmo país vem o zagueiro Gamarra, atualmente defende o Palmeiras, jogador que chegou ao futebol brasileiro através do Inter, onde até hoje é ídolo. Sua garra e técnica fazem com que, sempre que vem a Porto Alegre, seja aplaudido pela torcida colorada, tamanho o respeito conquistado na sua passagem pelo Beira-Rio.
O clima e a cultura contribuem para que se sintam mais à vontade em Porto Alegre. A tradição do futebol gaúcho, de muita pegada, agrada os castelhanos, por se assemelhar mais a eles do que ao próprio futebol. É o que afirmam os cinco estrangeiros que defendem a dupla Gre-Nal neste ano.
Gavilán, o índio guarani colorado
O volante paraguaio Diego Gavilán, de 25 anos, é o estrangeiro que está a mais tempo em Porto Alegre. Foi contratado pelo Inter há três anos e afirma que está totalmente ambientado à cidade. "Já pude absorver muito da cultura porto-alegrense. Conheço bem e gosto daqui. O futebol do Sul me agrada mais do que o do resto do Brasil. Aqui tem muita marcação, pegada, é jogo sério. Quando enfrentamos um time carioca, por exemplo, noto que o toque de bola tem um estilo diferente, deles", comenta.
Gavilán teve rápida passagem pela Itália, mas não repetiu o sucesso do Inter
Gavilán é chamado de "Gringo" por todo o elenco colorado. Apesar do sotaque ainda ser forte, o jogador garante que não tem mais nenhum problema em entender o português. "Logo que cheguei precisava prestar muita atenção ao que me diziam. Agora converso naturalmente com os colegas".
O volante admite que se sente mais familiarizado e prefere disputar a Copa Sul-Americana ao Brasileirão. "Além de aparecer mais para o resto do mundo, posso xingar os adversários em castelhano", brinca.
Em 2004, Gavilán contava com total confiança da torcida quando se transferiu para a Udinese, da Itália, onde ficou apenas seis meses. "Eles já tinham um time montado, o grupo era muito bom, e acabei ficando um pouco deslocado. Quando vi que não seria aproveitado, decidi retornar para o clube onde eu já era prestigiado", revelou.
Os torcedores colorados comemoraram a volta do valente índio guarani. "Na primeira vez que cheguei, pouca gente me conhecia. Nesta última, senti mais a responsabilidade, porque estava vindo da Europa e precisava manter a boa imagem que havia deixado", falou.
No início do Brasileirão, o paraguaio amargou um período na reserva do Inter. "Encaro numa boa. O elenco montado pela diretoria é muito bom, e nós pensamos no bem do time, não no individual", avaliou. Naturalmente voltou à velha forma que o consagrou no clube, e hoje é o volante titular, incansável na marcação no meio-campo.
O vínculo de Gavilán com o Inter encerra em junho de 2006, um mês antes de viajar para a Alemanha com a seleção paraguaia para disputar a Copa do Mundo, a segunda de sua carreira. "Participar de um evento como esse é difícil de explicar. Só olhando para trás é que vejo a importância de ter defendido o meu país na maior festa do planeta", avalia.
Após o mundial, o volante não sabe qual será o seu futuro. "A Copa abre muitas portas para um atleta, portanto vou deixar que as coisas aconteçam. Quem sabe dou um pulo na carreira e volto para a Europa", disse.
Escalona, lateral de seleção na Série B
Em março, o Grêmio foi buscar no futebol argentino um lateral-esquerdo para disputar a Segundona. Por indicação de Hugo De León - técnico do time na época -, a diretoria contratou Escalona, um chileno que defendia o River Plate. As indicações eram as melhores possíveis: um jogador forte, rápido, de qualificado cruzamento, e com passagens pela seleção andina.
Logo que chegou, Escala - como é conhecido no estádio Olímpico - precisou se adaptar ao ritmo brasileiro de atuar, e por isso passou um período na reserva. "Aqui o futebol é muito rápido, e eu não estava fisicamente preparado. Não foi fácil, mas agora já me acostumei", declarou.
Apesar do lateral ter apenas 26 anos, é bastante experiente. Iniciou a carreira no Colo-Colo, passou pelo Torino, da Itália; pelo Benfica, de Portugal; além do River Plate. "O Brasil é o melhor país por onde passei. O povo daqui é bastante acolhedor, e a cultura de Porto Alegre é bastante parecida com a chilena. Me senti à vontade com facilidade", conta.
Escalona garante que já entende perfeitamente o português, e para se aperfeiçoar no idioma se apoia na leitura. "Há pouco tempo comprei o livro Abusado, do jornalista Caco Barcelos. Com ele estou aprendendo algumas gírias brasileiras. Isso era o que mais me complicava nas conversas, logo que cheguei. Agora entendo tudo numa boa, desde que não falem muito rápido", explicou.
Atualmente, o chileno é titular incontestável na equipe do técnico Mano Menezes, e é constantemente elogiado pelos torcedores. A avalanche - quando o Tricolor marca um gol, a torcida organizada Geral comemora descendo as arquibancadas correndo - impressionou o lateral. "Os torcedores são muito apaixonados, nos empurram para cima dos adversários. Eles nos passam uma energia contagiante, me sinto gratificado por contar com essa força", contou.
"Estou muito feliz, não tenho nada do que reclamar. Espero continuar aqui depois de abril, quando o meu contrato acaba. A única coisa que sinto falta é falar na minha língua, mas quando isso acontece, vou ter uma conversa com o Beausejour", falou. O meia, também chileno, é um dos melhores amigos de Escalona no elenco gremista.
Beausejour, o chileno despreocupado
Jean Beausejour é um meia-esquerda habilidoso de 21 anos que chegou no Grêmio após uma temporada no Servette, da Suíça. De fala calma e baixa, uma aparência tranqüila, o jogador mostra ser uma pessoa despreocupada. "Vim parar no Brasil por acaso. Sempre deixei que as coisas fossem acontecendo na minha vida", garante.
Enquanto esperava, no pátio do Olímpico, por uma carona do conterrâneo Escalona, o meia contou, com um espanhol de difícil compreensão, que está gostando de jogar no Tricolor, e não demonstra impaciência com a reserva no time. "Quando o Mano Menezes precisou de mim, dei uma boa resposta. Espero ter mais chances de mostrar minha qualidade, mas não tenho pressa", comentou.
A insistência é a forma que Beausejour encontrou para se comunicar quando ninguém entende seu linguajar. "Foi a mesma coisa na Suíça. Quando me olham com cara de quem não compreendeu, vou repetindo a mesma frase até dar certo. O problema é quando quero combinar alguma jogada com alguém no meio da partida. Aí não dá tempo de ficar se explicando".
O chileno chegou em Porto Alegre no início de julho, e não mostrou muita disposição para conhecer os costumes da cidade. "Aqui é um pouco mais parecido com o meu país do que a Europa, mas não vi nada de especial ainda", disse.
No próximo ano, o meia-atacante Anderson irá para o futebol português, deixando uma vaga na equipe. Pelas suas características, Beausejour é o substituto mais provável do jovem craque surgido nas categorias de base do Olímpico. "Atuamos de forma parecida, acho que posso me encaixar bem no seu lugar. Mas isso é mais para a frente, por enquanto o pensamento é manter a união do grupo em busca de uma vaga na primeira divisão no ano que vem", concluiu.
Assim que encerrou a entrevista para o Pelé.Net, o chileno entrou no carro de Escalona, onde tocava, em volume alto, uma música semelhante à cumbia argentina, e foi embora do Olímpico.
Rentería, o dançarino colombiano
Wason Rentería é um centroavante de 20 anos, muita força física, habilidade, velocidade e chute forte. Chegou ao Inter na primeira semana de setembro, e rapidamente conquistou a titularidade e o carinho da torcida. Nos treinos, se mostra uma pessoa bem humorada. Enquanto o técnico Muricy Ramalho treinava jogadas ensaiadas com os jogadores que iriam enfrentar o Boca Juniors, pela Copa Sul-Americana, o colombiano - que não está inscrito na competição - fazia palhaçadas para os torcedores presentes nas arquibancadas do Beira-Rio.
Renteria, colombiano do Internacional, em jogo contra o Atlético-PR pelo Campeonato Brasileiro
Rentería é carismático, constantemente faz os colegas rirem em meio aos trabalhos do sério Muricy. "Estou me dando bem com o pessoal daqui, me encaixei ao futebol jogado no Brasil", admitiu. Enquanto tirava fotos com jovens torcedoras, no pátio do Beira-Rio, afirmou que não tem dificuldade para entender o português, embora não fosse isso o que demonstrasse momentos antes.
Após os trabalhos táticos, o elenco colorado realizou o conhecido rachão. Rentería havia sido escalado para jogar no time que usaria coletes, momento em que o meia Márcio Mossoró precisou de paciência para conseguir entregar a vestimenta para o centroavante. O brasileiro tentava, através de mímicas, explicar que os dois seriam adversários, e estendia o fardamento para o colega. Esse sinalizava que queria ser do outro time. Depois de alguns minutos, os dois conseguiram se entender, se abraçaram, e foram para o campo.
A direção do Inter aposta no colombiano e por isso assinou um contrato de cinco anos com o atleta. Recentemente, ele sagrou-se campeão sul-americano pela seleção colombiana sub-20. Na última rodada das Eliminatórias para a Copa do Mundo - seu país foi eliminado -, o centroavante foi convocado devido ao sucesso que estava obtendo no Brasil, país que não o assustou - mesmo que nunca tivesse uma experiência fora da terra natal -, pois se entusiasma com desafios. "Já estou acostumado com Porto Alegre", exagera.
Até agora, Rentería marcou apenas um gol com a camisa colorada - no empate em 2 x 2 com o Fluminense -. "Comemorei dançando o Regatón, música típica da Colômbia que gosto muito de escutar em casa", explicou. Mas essa não será uma forma constante de vibrar. "Os gols não são iguais uns aos outros, portanto vou trazer novidades para a torcida toda vez que balançar as redes", prometeu.
Lipatin, um uruguaio quase brasileiro
Marcelo Lipatin nasceu em Montevidéu, capital do Uruguai, há 28 anos, mas desde a infância viveu em Curitiba, onde jogava futebol de salão. Nas quadras, aprendeu a jogar rápido, com pouco espaço para armar um lance. Migrou para o campo quando foi para o PSG, da França, e iniciou uma carreira cigana. Voltou para sua terra natal, passou pelo México, Chile, Grécia, Japão, Brasil, e antes de vir para o Grêmio estava no Bari, da Itália.
Praticamente não tem o sotaque e fala fluentemente o português. Suas raízes são mais notadas quando o centroavante está em campo. Dentro da área é combativo e busca de forma objetiva, sempre, a finalização. "Quem atua na minha posição precisa fazer gols, senão não sobrevive", falou.
Desde que foi contratado, no início de agosto, Lipatin não recebeu maiores chances na equipe titular do Tricolor. Apesar disso, o técnico Mano Menezes afirma que o atleta tem as características ideais para um atacante. "Ele é inteligente para preencher os espaços no setor ofensivo e sabe fazer gols. É importante tê-lo no nosso elenco", comentou.
O uruguaio foi escalado pelo treinador em duas oportunidades, e deu boa resposta. Contra o Marília, foi o autor do passe de calcanhar para Beausejour marcar o gol - a partida acabou em 1 x 1 -. Na derrota de 2 x 0 para o Santo André, foi um dos melhores jogadores em campo. "Mesmo aparecendo pouco, a torcida já se identificou comigo. Fico muito feliz com isso", comemorou.
Logo que chegou a Porto Alegre, Lipatin afirmou que pretende fazer história no clube. Seu contrato dura até o final do primeiro semestre de 2006, e a grande chance poderá aparecer na Série A do ano que vem. "Nosso grupo está unido em busca do principal objetivo, que é uma vaga na primeira divisão, e estamos próximos de alcançá-lo. O meu grande momento pode estar sendo reservado para o futuro", imagina.
PORTO ALEGRE - Grêmio e Internacional, os dois grandes clubes do Rio Grande do Sul, fazem ótima temporada em 2005, o primeiro na Série B, o segundo na elite do Campeonato Brasileiro. Nos grupos de atletas que vêm obtendo sucesso, jogadores buscados em países vizinhos. Chile, Colômbia, Uruguai, Paraguai. Hermanos de sangue latino quente. E isso não é nenhuma novidade. Ao longo da história, principalmente pela proximidade geográfica, a dupla Gre-Nal sempre descobriu reforços em outros países sul-americanos.
Vários deles tornaram-se ídolos e, invariavelmente estiveram presentes nos grandes momentos dos clubes. Hoje não é diferente. Ao todo, cinco "hermanos" atuam nas duas equipes de Porto Alegre. São dois chilenos, um paraguaio, um colombiano e um uruguaio. É uma das temporadas em que estão mais presentes na capital gaúcha, embora não seja previsível que obtenham tanto sucesso como alguns antecessores.
Em 1975 o Colorado venceu o Campeonato Brasileiro e sagrou-se o primeiro time gaúcho a conquistar uma competição nacional, com o zagueiro chileno Elias Figueroa como capitão e líder do elenco. Foi ele, inclusive, o autor do histórico gol de cabeça contra o Cruzeiro - o placar da decisão foi 1 x 0 -, que garantiu o título. O time, que repetiria o feito em 1976, é considerado o melhor Inter de todos os tempos e Figueroa o melhor defensor da história do clube.
Semelhante foi a trajetória do uruguaio Hugo De León, comandante da zaga Tricolor no glorioso ano de 1983, quando o time foi a Tóquio vencer o Hamburgo por 2 x 1 e voltou para Porto Alegre como campeão do mundo. A imagem mais marcante da trajetória foi registrada na noite da conquista da Libertadores da América: o zagueiro levantando a taça sobre uma cabeça que sangrava, simbolizando a raça castelhana presente no time porto-alegrense.
E assim, ao longo dos tempos, os torcedores da dupla Gre-Nal se acostumaram a ver o sangue hispânico reforçando seus times e sendo decisivo nas conquistas. Na última década, outros estrangeiros tiveram passagem marcante. Como os paraguaios Arce e Rivarola, do Grêmio, titulares incontestáveis no plantel comandado por Felipão, e que alcançou a Libertadores em 1995.
Do mesmo país vem o zagueiro Gamarra, atualmente defende o Palmeiras, jogador que chegou ao futebol brasileiro através do Inter, onde até hoje é ídolo. Sua garra e técnica fazem com que, sempre que vem a Porto Alegre, seja aplaudido pela torcida colorada, tamanho o respeito conquistado na sua passagem pelo Beira-Rio.
O clima e a cultura contribuem para que se sintam mais à vontade em Porto Alegre. A tradição do futebol gaúcho, de muita pegada, agrada os castelhanos, por se assemelhar mais a eles do que ao próprio futebol. É o que afirmam os cinco estrangeiros que defendem a dupla Gre-Nal neste ano.
Gavilán, o índio guarani colorado
O volante paraguaio Diego Gavilán, de 25 anos, é o estrangeiro que está a mais tempo em Porto Alegre. Foi contratado pelo Inter há três anos e afirma que está totalmente ambientado à cidade. "Já pude absorver muito da cultura porto-alegrense. Conheço bem e gosto daqui. O futebol do Sul me agrada mais do que o do resto do Brasil. Aqui tem muita marcação, pegada, é jogo sério. Quando enfrentamos um time carioca, por exemplo, noto que o toque de bola tem um estilo diferente, deles", comenta.
Gavilán teve rápida passagem pela Itália, mas não repetiu o sucesso do Inter
Gavilán é chamado de "Gringo" por todo o elenco colorado. Apesar do sotaque ainda ser forte, o jogador garante que não tem mais nenhum problema em entender o português. "Logo que cheguei precisava prestar muita atenção ao que me diziam. Agora converso naturalmente com os colegas".
O volante admite que se sente mais familiarizado e prefere disputar a Copa Sul-Americana ao Brasileirão. "Além de aparecer mais para o resto do mundo, posso xingar os adversários em castelhano", brinca.
Em 2004, Gavilán contava com total confiança da torcida quando se transferiu para a Udinese, da Itália, onde ficou apenas seis meses. "Eles já tinham um time montado, o grupo era muito bom, e acabei ficando um pouco deslocado. Quando vi que não seria aproveitado, decidi retornar para o clube onde eu já era prestigiado", revelou.
Os torcedores colorados comemoraram a volta do valente índio guarani. "Na primeira vez que cheguei, pouca gente me conhecia. Nesta última, senti mais a responsabilidade, porque estava vindo da Europa e precisava manter a boa imagem que havia deixado", falou.
No início do Brasileirão, o paraguaio amargou um período na reserva do Inter. "Encaro numa boa. O elenco montado pela diretoria é muito bom, e nós pensamos no bem do time, não no individual", avaliou. Naturalmente voltou à velha forma que o consagrou no clube, e hoje é o volante titular, incansável na marcação no meio-campo.
O vínculo de Gavilán com o Inter encerra em junho de 2006, um mês antes de viajar para a Alemanha com a seleção paraguaia para disputar a Copa do Mundo, a segunda de sua carreira. "Participar de um evento como esse é difícil de explicar. Só olhando para trás é que vejo a importância de ter defendido o meu país na maior festa do planeta", avalia.
Após o mundial, o volante não sabe qual será o seu futuro. "A Copa abre muitas portas para um atleta, portanto vou deixar que as coisas aconteçam. Quem sabe dou um pulo na carreira e volto para a Europa", disse.
Escalona, lateral de seleção na Série B
Em março, o Grêmio foi buscar no futebol argentino um lateral-esquerdo para disputar a Segundona. Por indicação de Hugo De León - técnico do time na época -, a diretoria contratou Escalona, um chileno que defendia o River Plate. As indicações eram as melhores possíveis: um jogador forte, rápido, de qualificado cruzamento, e com passagens pela seleção andina.
Logo que chegou, Escala - como é conhecido no estádio Olímpico - precisou se adaptar ao ritmo brasileiro de atuar, e por isso passou um período na reserva. "Aqui o futebol é muito rápido, e eu não estava fisicamente preparado. Não foi fácil, mas agora já me acostumei", declarou.
Apesar do lateral ter apenas 26 anos, é bastante experiente. Iniciou a carreira no Colo-Colo, passou pelo Torino, da Itália; pelo Benfica, de Portugal; além do River Plate. "O Brasil é o melhor país por onde passei. O povo daqui é bastante acolhedor, e a cultura de Porto Alegre é bastante parecida com a chilena. Me senti à vontade com facilidade", conta.
Escalona garante que já entende perfeitamente o português, e para se aperfeiçoar no idioma se apoia na leitura. "Há pouco tempo comprei o livro Abusado, do jornalista Caco Barcelos. Com ele estou aprendendo algumas gírias brasileiras. Isso era o que mais me complicava nas conversas, logo que cheguei. Agora entendo tudo numa boa, desde que não falem muito rápido", explicou.
Atualmente, o chileno é titular incontestável na equipe do técnico Mano Menezes, e é constantemente elogiado pelos torcedores. A avalanche - quando o Tricolor marca um gol, a torcida organizada Geral comemora descendo as arquibancadas correndo - impressionou o lateral. "Os torcedores são muito apaixonados, nos empurram para cima dos adversários. Eles nos passam uma energia contagiante, me sinto gratificado por contar com essa força", contou.
"Estou muito feliz, não tenho nada do que reclamar. Espero continuar aqui depois de abril, quando o meu contrato acaba. A única coisa que sinto falta é falar na minha língua, mas quando isso acontece, vou ter uma conversa com o Beausejour", falou. O meia, também chileno, é um dos melhores amigos de Escalona no elenco gremista.
Beausejour, o chileno despreocupado
Jean Beausejour é um meia-esquerda habilidoso de 21 anos que chegou no Grêmio após uma temporada no Servette, da Suíça. De fala calma e baixa, uma aparência tranqüila, o jogador mostra ser uma pessoa despreocupada. "Vim parar no Brasil por acaso. Sempre deixei que as coisas fossem acontecendo na minha vida", garante.
Enquanto esperava, no pátio do Olímpico, por uma carona do conterrâneo Escalona, o meia contou, com um espanhol de difícil compreensão, que está gostando de jogar no Tricolor, e não demonstra impaciência com a reserva no time. "Quando o Mano Menezes precisou de mim, dei uma boa resposta. Espero ter mais chances de mostrar minha qualidade, mas não tenho pressa", comentou.
A insistência é a forma que Beausejour encontrou para se comunicar quando ninguém entende seu linguajar. "Foi a mesma coisa na Suíça. Quando me olham com cara de quem não compreendeu, vou repetindo a mesma frase até dar certo. O problema é quando quero combinar alguma jogada com alguém no meio da partida. Aí não dá tempo de ficar se explicando".
O chileno chegou em Porto Alegre no início de julho, e não mostrou muita disposição para conhecer os costumes da cidade. "Aqui é um pouco mais parecido com o meu país do que a Europa, mas não vi nada de especial ainda", disse.
No próximo ano, o meia-atacante Anderson irá para o futebol português, deixando uma vaga na equipe. Pelas suas características, Beausejour é o substituto mais provável do jovem craque surgido nas categorias de base do Olímpico. "Atuamos de forma parecida, acho que posso me encaixar bem no seu lugar. Mas isso é mais para a frente, por enquanto o pensamento é manter a união do grupo em busca de uma vaga na primeira divisão no ano que vem", concluiu.
Assim que encerrou a entrevista para o Pelé.Net, o chileno entrou no carro de Escalona, onde tocava, em volume alto, uma música semelhante à cumbia argentina, e foi embora do Olímpico.
Rentería, o dançarino colombiano
Wason Rentería é um centroavante de 20 anos, muita força física, habilidade, velocidade e chute forte. Chegou ao Inter na primeira semana de setembro, e rapidamente conquistou a titularidade e o carinho da torcida. Nos treinos, se mostra uma pessoa bem humorada. Enquanto o técnico Muricy Ramalho treinava jogadas ensaiadas com os jogadores que iriam enfrentar o Boca Juniors, pela Copa Sul-Americana, o colombiano - que não está inscrito na competição - fazia palhaçadas para os torcedores presentes nas arquibancadas do Beira-Rio.
Renteria, colombiano do Internacional, em jogo contra o Atlético-PR pelo Campeonato Brasileiro
Rentería é carismático, constantemente faz os colegas rirem em meio aos trabalhos do sério Muricy. "Estou me dando bem com o pessoal daqui, me encaixei ao futebol jogado no Brasil", admitiu. Enquanto tirava fotos com jovens torcedoras, no pátio do Beira-Rio, afirmou que não tem dificuldade para entender o português, embora não fosse isso o que demonstrasse momentos antes.
Após os trabalhos táticos, o elenco colorado realizou o conhecido rachão. Rentería havia sido escalado para jogar no time que usaria coletes, momento em que o meia Márcio Mossoró precisou de paciência para conseguir entregar a vestimenta para o centroavante. O brasileiro tentava, através de mímicas, explicar que os dois seriam adversários, e estendia o fardamento para o colega. Esse sinalizava que queria ser do outro time. Depois de alguns minutos, os dois conseguiram se entender, se abraçaram, e foram para o campo.
A direção do Inter aposta no colombiano e por isso assinou um contrato de cinco anos com o atleta. Recentemente, ele sagrou-se campeão sul-americano pela seleção colombiana sub-20. Na última rodada das Eliminatórias para a Copa do Mundo - seu país foi eliminado -, o centroavante foi convocado devido ao sucesso que estava obtendo no Brasil, país que não o assustou - mesmo que nunca tivesse uma experiência fora da terra natal -, pois se entusiasma com desafios. "Já estou acostumado com Porto Alegre", exagera.
Até agora, Rentería marcou apenas um gol com a camisa colorada - no empate em 2 x 2 com o Fluminense -. "Comemorei dançando o Regatón, música típica da Colômbia que gosto muito de escutar em casa", explicou. Mas essa não será uma forma constante de vibrar. "Os gols não são iguais uns aos outros, portanto vou trazer novidades para a torcida toda vez que balançar as redes", prometeu.
Lipatin, um uruguaio quase brasileiro
Marcelo Lipatin nasceu em Montevidéu, capital do Uruguai, há 28 anos, mas desde a infância viveu em Curitiba, onde jogava futebol de salão. Nas quadras, aprendeu a jogar rápido, com pouco espaço para armar um lance. Migrou para o campo quando foi para o PSG, da França, e iniciou uma carreira cigana. Voltou para sua terra natal, passou pelo México, Chile, Grécia, Japão, Brasil, e antes de vir para o Grêmio estava no Bari, da Itália.
Praticamente não tem o sotaque e fala fluentemente o português. Suas raízes são mais notadas quando o centroavante está em campo. Dentro da área é combativo e busca de forma objetiva, sempre, a finalização. "Quem atua na minha posição precisa fazer gols, senão não sobrevive", falou.
Desde que foi contratado, no início de agosto, Lipatin não recebeu maiores chances na equipe titular do Tricolor. Apesar disso, o técnico Mano Menezes afirma que o atleta tem as características ideais para um atacante. "Ele é inteligente para preencher os espaços no setor ofensivo e sabe fazer gols. É importante tê-lo no nosso elenco", comentou.
O uruguaio foi escalado pelo treinador em duas oportunidades, e deu boa resposta. Contra o Marília, foi o autor do passe de calcanhar para Beausejour marcar o gol - a partida acabou em 1 x 1 -. Na derrota de 2 x 0 para o Santo André, foi um dos melhores jogadores em campo. "Mesmo aparecendo pouco, a torcida já se identificou comigo. Fico muito feliz com isso", comemorou.
Logo que chegou a Porto Alegre, Lipatin afirmou que pretende fazer história no clube. Seu contrato dura até o final do primeiro semestre de 2006, e a grande chance poderá aparecer na Série A do ano que vem. "Nosso grupo está unido em busca do principal objetivo, que é uma vaga na primeira divisão, e estamos próximos de alcançá-lo. O meu grande momento pode estar sendo reservado para o futuro", imagina.
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